quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

sábado, 5 de novembro de 2011


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

sábado, 4 de outubro de 2008

Exposições 2008





















As pinturas de Ruy Souza nos dão a oportunidade de experimentar o tempo. Mas de qual tempo eu estaria falando, ou quais tempos? O primeiro, de qual eu gostaria de falar aqui, é um que se opõe ao tempo das ruas, de onde viemos nós, visitantes da exposição. Temos que pensar que o tempo em que nós vemos um ônibus e levantamos o braço, por exemplo, é um tempo distinto de quando olhamos uma pintura. Porque quando vemos o nosso ônibus ele deve significar exatamente o nosso ônibus, assim como o sinal verde significa que o carro pode seguir em frente. Mas quando estamos observando uma pintura, uma lata cheia de peças, por exemplo, aquilo não significa apenas uma lata, mas também algumas coisas mais. E para vermos estas outras coisas, acontecerá que o tempo irá passar de uma maneira mais demorada.
Quando estamos vendo estas “outras coisas”, que eu não gostaria de denominar severamente com o risco de limitar a subjetividade do leitor, percebemos o tempo em que a pintura foi pintada. Será que o Ruy levou um mês para pintar aquela pintura? Dois meses? Ou dois anos? Realmente não sabemos. Mas saber a quantidade de horas que o pintor levou para construir esta ou aquela imagem não será assim tão importante, já que, devemos com o nosso olhar reconstituir aquele tempo, e a reconstituição é que é importante. Não importa se não somos pintores, se notamos bem estas pinturas, veremos que elas nos contam as maneiras como foram pintadas. Podemos percorrer os gestos, as pinceladas, os desvios, as sobreposições, entendendo que o pintor, no ato de pintar, está tomando decisões e concebendo as figuras em um ato de experimentação. Assim, se o pintor experimentou a pintura, nós observadores podemos recorrer a esta experimentação com o olhar.
E como será que Ruy experimenta? Eu dou uma sugestão: com gosto. Com certeza deve ser muito gostoso pintar. E também cuidado, cuidado com as coisas no mundo; atenção aos detalhes, às superfícies. Mas ele não escolhe aquelas coisas que sabemos belas: paisagens naturais, mulheres nuas, vasos de flores. As cenas que ele nos apresenta partiram de lugares banais. O dejeto, o gasto, o perdido, é daí que este pintor nos faz ver sutilezas até então insuspeitas. Em muitas delas vemos os restos de uma civilização, o que não lhe interessa mais. Nossa sociedade consumista empurra seus objetos para o lixo numa velocidade delirante. E o tempo, sobre eles, faz o que sabe fazer melhor: enferruja, apaga, quebra, corrói, faz das coisas humanas ruínas melancólicas. E então, por um breve momento, vem este pintor e seleciona estes objetos imersos em paisagens perdidas, e do apagamento silencioso ao qual condenados estavam estes lugares, ele procura ainda uma vibração, um outro tempo.
Belo Horizonte, junho de 2008.
Ariel Ferreira Costa

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Calças

Há algum tempo atrás comecei a fazer um trabalho de registro das pessoas através de uma peça de roupa que ela usa. Escolhi a calça jeans porque é uma coisa que quase todo mundo usa, ou seja, essa universalidade da peça pode ganhar um olhar de deslocamento para dentro da individualidade, da especifidade. Como o trabalho é feito em aquarela, acabo por levar mais tempo que gostaria para desenvolver esse registro. Tudo bem...vou colocando aqui as que estão prontas.